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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Emoção x Emagrecimento

Quando os sentimentos entram em cena é importante ficar atenta ao apetite. Além da comida, colocar no prato as carências pode minar seu regime e, sobretudo, o objetivo de manter-se magra. Quem explica é o psicoterapeuta dr. Marco Antônio De Tommaso, da Universidade de São Paulo (USP)
por Shirley Santos

Por que, normalmente, as pessoas recorrem à comida para equilibrarem as próprias emoções?
O alimento não é só nutrição. É uma forma de afeto em nossa vida. Começa, inclusive, na relação que a criança estabelece com a mãe oralmente, quando ainda é um bebê. Nesta fase, quando chora (por motivo de fome, dor, sono, calor, frio ou sede), lhe é oferecido o seio ou a mamadeira. É constituída, então, uma relação precoce: emoção-comida. Assim, o alimento passa a reduzir (em curto prazo) a ansiedade. Já na idade adulta, esta “compensação” leva muitas pessoas a buscarem no que consomem uma forma de atenuar suas emoções negativas.

Então sentimentos como: insegurança, baixa autoestima, rejeição, dentre outros, precisam estar “bem resolvidos” antes de iniciar a dieta?
Se a pessoa utiliza a comida como redutora dessas emoções, sim. Ao menos deverá cuidar delas, durante o regime. Se ela come por ansiedade, por exemplo, tem de tratá-la, se quiser emagrecer.

De que forma?
Cada caso deverá ser individualizado. Para alguns, a adoção de formas de relaxamento e mudanças no estilo de vida já apresenta resultados benéficos. Já para outros, a psicoterapia é uma importante auxiliar.

Muitas vezes, a dificuldade maior não reside “apenas” no emagrecimento e, sim, em permanecer magro. Por que isso ocorre?
Quem é gordo e emagrece não é magro. ESTÁ MAGRO. E só se manterá nesta condição enquanto estiver vigilante com a balança, preservando hábitos saudáveis. Logo, o objetivo deve ser: permanecer com a silhueta afinada e não apenas fazer “mais uma dieta” para perder determinado peso por algum tempo.

Por que algumas pessoas “sabotam” o regime? Quais os fatores que desencadeiam tal conduta?
No processo de emagrecimento, muitas vezes, ela deseja conscientemente emagrecer, mas inconscientemente resiste a isso. A explicação pode estar nos “ganhos” que ela obtém permanecendo acima do peso

Quais seriam estas “vantagens”?
É como se, inconscientemente, a gordura corporal funcionasse como um escudo de proteção. Só para exemplificar, há episódios de mulheres que engordam para neutralizarem a própria sensualidade (por insegurança ou outras questões psicológicas, a pessoa “enfeia-se” para poupar-se de experiências afetivas). Outras justificam a timidez devido ao sobrepeso: “Sou tímida porque sou gorda”. Neste caso, esta pode ser uma desculpa para que ela não resolva tal acanhamento, justificando, assim, o seu afastamento social. Há ainda pessoas que fazem da preocupação com o sobrepeso uma maneira de ignorar os outros problemas de sua vida (enquanto se inquietam com o emagrecimento, “esquecem” das outras dificuldades). Se estas questões não forem “trabalhadas”, podem gerar uma resistência significativa ao processo de perda de peso.

” Emagrecimento se baseia em três fatores: reorientação nutricional, atividade física e equilíbrio psicológico”

Quais as “fontes de gratificação” que a pessoa deve buscar para evitar os excessos alimentares?
Primeiramente ela precisa compreender que a comida é apenas um prazer, e não o único prazer existente na face da Terra. Ou seja, há outras formas de satisfação. Para aproveitá-las é necessário ressocializar-se: um encontro com os amigos, uma caminhada ou outras formas de entretenimento. Sobretudo, resgatar atividades que goste de fazer ou habilidades que realiza com competência. Abandonar o autoisolamento, que muitas vezes o quadro de obesidade impõe, é fundamental.

Mesmo com a dieta, nem sempre vestir o manequim sonhado acontece no tempo que se espera. Como o ritmo de emagrecimento deve ser compreendido?
Cada um tem o seu. Por isso, é importante cuidar do processo, o que significa comemorar cada vitória conquistada, seja qual for o tamanho dela. Enfim, é fundamental valorizar todas as etapas, alimentando a própria autoestima e bem-estar. Tornar-se magra será uma consequência.

Os “diários alimentares”, utilizados para registrar o que é consumido, bem como para identificar os 0fatores estimuladores do apetite são recomendados?
Este procedimento é essencial para descobrir as razões, além da fome, que levam a pessoa a se dirigir ao prato. Muitas vezes, a simples anotação permite uma reflexão: “É fome?” Está provado que quem faz este tipo de monitoramento irá ingerir 20% menos do que comeria se não o fizesse. No entanto, este controle deve ser honesto, ou seja, deve se anotado o que efetivamente foi ingerido.

Quais as atitudes a serem adotadas por quem deseja um emagrecimento eficaz?
É importante aliar controle nutricional, atividade física e equilíbrio psicológico. Além destes princípios, válidos para todos, é importante ressaltar que o emagrecimento exige comprometimento do “candidato”. Uma das crenças que a pessoa obesa deve combater é a de que ela é um agente passivo. Acredita que apenas o médico, o nutricionista, o psicólogo, o educador físico ou o remédio irão emagrecê-la. Na realidade, é ela quem deve assumir a responsabilidade pelo emagrecimento, se quiser obter sucesso

Revista Dieta Já!

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